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Golpes contra idosos: conheça 15 fraudes financeiras famosas e veja como se proteger

16 de Setembro de 2024 às 21:30:06


Cartilha do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania mostra como identificar e enfrentar a violência patrimonial e financeira contra idosos. 90% dos abusos financeiros contra idosos são praticados por familiares em Sorocaba Reprodução/TV TEM O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH) lançou uma cartilha com detalhes sobre como identificar e enfrentar a violência patrimonial e financeira contra idosos. Esse tipo de violência ocorre quando uma pessoa ou instituição se apropria indevidamente do dinheiro ou dos bens de um idoso. São ações que podem causar danos, perdas, situações humilhantes ou vergonhosas, além de violar direitos humanos e de cidadania. Na maioria dos casos, essa prática ocorre sem a autorização do idoso. Segundo o MDH, no entanto, há muitas situações em que permissão é concedida por meio de ameaças, violência psicológica ou desinformação. Isso pode levar, por exemplo, o idoso a assinar algo sem entender do que se trata. Veja quais são os 15 principais golpes eletrônicos contra idosos, e como se proteger. LEIA MAIS Conta de luz mais cara: veja como economizar energia, mesmo com a bandeira vermelha Consórcio ou financiamento? Entenda a diferença e saiba como escolher Bolsa Família: quem pode receber e como se cadastrar? 1. Bilhete premiado Nesse caso, um golpista diz que ganhou na loteria — na Mega-Sena, por exemplo —, que possui um bilhete premiado e que não conseguirá receber o prêmio no banco. Em seguida, ele oferece ao idoso direito ao prêmio, desde que a vítima pague um valor menor pelo bilhete. ▶️ Como se proteger: Se alguém oferecer um bilhete premiado por um valor menor do que o prêmio anunciado, provavelmente é uma tentativa de golpe. Prêmios da loteria são concedidos diretamente aos portadores dos bilhetes premiados. Não há intermediários envolvidos. 2. Bilhete falso Com base nas suas pesquisas feitas na internet, o golpista consegue saber quais são seus interesses e preferências. Ele emite, então, um boleto falso de viagens, consórcios, operadoras de telefonia, multas ou até mesmo de igrejas, e envia por e-mail. Ao receber este boleto, a vítima não percebe se tratar de um golpe e acaba efetuando o pagamento. ▶️ Como se proteger: Ao se deparar com um boleto que você não tem conhecimento, leve-o até a agência bancária e peça orientação ao gerente. Antes de fazer qualquer pagamento, confira o valor, a data de vencimento e quem será beneficiado. 3. Cartão retido no caixa eletrônico Instalação de uma armadilha nos caixas eletrônicos com o objetivo de prender seu cartão magnético na máquina, para ter acesso aos dados do cartão. ▶️ Como se proteger: Antes de inserir o seu cartão na máquina, verifique se o caixa eletrônico está violado ou se o local de inserir o cartão está com aspecto diferente do normal. 4. Consignado, empréstimo e cartão de crédito Ocorre quando bancos ou instituições financeiras ligam insistentemente oferecendo empréstimos e cartões de crédito consignados — quando o pagamento de empréstimo é feito de forma automática e a partir da conta bancária da pessoa que solicitou o empréstimo ou foi vítima do golpe. Segundo o MDH, o golpe pode ocorrer de duas formas diferentes: telessaque ou saque pelo telefone sem autorização; e telessaque ou saque pelo telefone sem que a pessoa que contrata tenha compreensão das regras da operação ou seja induzido ao erro. ▶️ Como se proteger: Assim que perceber o depósito em sua conta bancária, não movimente os fundos. Isso inclui não transferir o dinheiro para outras contas ou retirá-lo em espécie, diz o MDH. Entre imediatamente em contato com sua instituição bancária para relatar o incidente. Outra dica é manter um registro de todas as comunicações e transações relacionadas ao incidente. Isso pode incluir datas, horários, números de telefone, nomes de pessoas com quem você falou. Além disso, quando a contratação é realizada por meio de ligação telefônica, é garantida a desistência do negócio no prazo de 7 dias. 5. Falso namorado pela internet O golpista utiliza sites de namoro para procurar vítimas — geralmente idosos ou pessoas que moram sozinhas. Logo, se aproximam, demonstram interesse e iniciam contato por aplicativos de conversa. Após envolvimento emocional, o golpista diz precisar de dinheiro para, por exemplo, tratamento de saúde. Também é comum que golpistas peçam dinheiro emprestado — que nunca será devolvido — ou que se passem por estrangeiros, alegando envio de presentes. Nesse caso, é comum que um comparsa se passe por funcionário dos Correios ou da alfândega e ligue à vítima dizendo que os presentes estão retidos e precisam de pagamento para serem liberados. ▶️ Como se proteger: Se você suspeitar que está sendo alvo de um golpe, não hesite em falar com amigos, familiares, autoridades e pedir orientação para resolver a situação de forma segura, orienta o Ministério. 6. Falso sequestro Os golpistas ligam aleatoriamente para o celular ou telefone e, quando a vítima atende, ela escuta pedidos de ajuda, gritos desesperados e choro, e essa pessoa se passa por alguém de sua família que foi sequestrada. Logo, outro comparsa fala exigindo pagamento em troca da vida e segurança do suposto familiar, alerta o MDH. ▶️ Como se proteger: Nesse caso, a orientação é não se apavorar, não pronunciar o nome de ninguém da sua família, desligar o telefone e ligar imediatamente para a pessoa que foi supostamente sequestrada ou para pessoas próximas a ela. 7. Falsa central de atendimento Por ligação telefônica ou mensagens de WhatsApp, os golpistas se passam por funcionário de alguma instituição financeira e comunicam à vítima que uma compra foi realizada em seu cartão de crédito. Geralmente, uma compra com valor elevado. Durante a conversa, o golpista pedirá para confirmar seus dados, como número do cartão, endereço, nome completo, CPF, e assim irá coletar suas informações pessoais para benefício dele. ▶️ Como se proteger: Antes de fornecer qualquer informação pessoal ou financeira, verifique se a comunicação é legítima. Solicite detalhes sobre a compra em questão, como a data, o valor e o estabelecimento onde a compra foi supostamente realizada. Se possível, entre em contato diretamente com o banco ou instituição financeira utilizando os números de telefone oficiais listados em seu cartão de crédito ou no site oficial da instituição. Dois em cada 10 brasileiros foram vítimas de golpes financeiros nos últimos doze meses 8. Maquininha Esse tipo de golpe pode ocorrer de várias formas. As mais recorrentes são: Visor da maquininha quebrado: o golpista diz que a tela da maquininha está com defeito, efetua o pagamento na máquina e pede para a vítima conferir o valor da compra pelo aplicativo do celular dele. Mas o valor que é cobrado é muito maior do que o valor que aparece no app. Visor da maquininha com película: o golpista cola um adesivo no visor da maquininha para cobrir parte da tela onde aparece o valor que será cobrado. Assim, a vítima efetua o pagamento acreditando ser o valor que ela visualiza, mas o real valor cobrado é muito maior. Visor da maquininha adulterado: o golpista adultera o visor da maquininha fazendo aparecer, na tela, o valor combinado. Na prática, no entanto, é cobrado um valor muito maior da vítima. Compra duplicada: a vítima digita sua senha para confirmar a compra e, logo em seguida, o golpista diz que houve algum erro. Ele diz, então, que vai tentar concluir o pagamento em outra maquininha. Assim, o pagamento é cobrado duas vezes. ▶️ Como se proteger: Para evitar os golpes, é fundamental adotar medidas como não entregar seu cartão na hora do pagamento e sempre pedir o comprovante. 9. Motoboy O golpista liga para a vítima, diz que o cartão dela foi clonado e que precisa ser cancelado com urgência. Ele confirma os dados pessoais da pessoa e solicita que alguns dados sejam inseridos no próprio telefone. O criminoso pede, então, que a vítima faça uma ligação para o número que está no verso do cartão, que é o número da sua agência bancária. Mas, por meio de escutas telefônicas, eles conseguem interceptar a ligação e informam que vão enviar um motoboy, suposto funcionário do banco, ou até mesmo um policial, e que seu cartão deverá ser entregue a ele. Com os dados da vítima e o cartão, os golpistas realizam saques bancários e fazem compras online ou em lojas físicas. ▶️ Como se proteger: Nunca compartilhe informações confidenciais, como números de cartão de crédito, senhas ou códigos de segurança, por telefone. 10. Parente com o carro quebrado O golpista faz uma ligação para a vítima, se identifica como um parente e pergunta se a pessoa "se esqueceu" dele. Durante a chamada, ele diz que precisa de dinheiro para consertar o carro e seguir viagem — e pede uma transferência bancária ou depósito. ▶️ Como se proteger: É preciso manter a calma e tentar descobrir mais informações desse suposto parente: pergunte o nome, de quem é filho, onde está, entre outras características que o ajudem a confirmar se é realmente o seu parente que está te ligando. Se as suspeitas de golpe aumentarem, desligue o telefone e ligue diretamente para a pessoa em questão. 11. Processo judicial Por meio de ligação telefônica ou envio de correspondência, os golpistas informam que o idoso tem direito a receber certa quantia em dinheiro devido a uma causa ganha na justiça. Mas diz que será necessário efetuar o pagamento dos honorários e outras taxas para que eles iniciem a ação. ▶️ Como se proteger: Verifique a veracidade da informação. Pergunte detalhes sobre a suposta causa ganha, como o nome do advogado ou firma responsável, o tribunal onde o caso foi julgado e o número do processo. Se possível, entre em contato com um advogado de sua confiança para obter orientação. 12. Saidinha de banco Idosos podem ter dificuldade em utilizar os caixas eletrônicos para efetuar operações de saque ou consulta de saldo. Por isso, muitas vezes pedem ou aceitam ajuda de pessoas desconhecidas. Nesse momento, os golpistas coletam os dados pessoais, bem como número, senha e código de segurança do cartão. ▶️ Como se proteger: O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania recomenda que, se precisar de ajuda, procure sempre por um funcionário do banco uniformizado e identificado ou prefira realizar a transação dentro da agência bancária, no caixa de atendimento. 13. Site falso Os golpistas criam sites falsos para venda de diversos produtos. Geralmente, eles usam o nome de grandes marcas e empresas e alteram apenas o endereço eletrônico. Então, para atrair as vítimas, criam diversos anúncios superchamativos, com descontos inacreditáveis, alerta o MDH. ▶️ Como se proteger: Sempre que for realizar compras pela internet, desconfie de preços muito abaixo dos concorrentes. O Ministério também orienta a verificar o endereço eletrônico, pesquisar o CNPJ da empresa e procurar saber se existem muitas reclamações sobre ela. 14. Troca de cartão O golpista aguarda próximo às agências bancárias e, assim que a vítima sai de lá, ele a aborda e diz que seu cartão apresentou um erro ou que a transação financeira não pode ser realizada por algum erro. Em seguida, pede que a vítima entregue o cartão para que ele possa examinar. Nesse momento, o golpista faz a troca do cartão e só depois a vítima percebe, alerta o MDH. ▶️ Como se proteger: Se alguém pedir para examinar seu cartão por qualquer motivo, recuse. Os funcionários do banco têm seus próprios métodos para lidar com questões relacionadas ao seu cartão. 15. WhatsApp clonado O golpista finge ser funcionário de uma empresa com a qual a vítima contratou algum serviço e pede que confirme seus dados pessoais para atualizar o cadastro ou ganhar descontos na prestação dos serviços. Dessa forma, ele consegue ter acesso a aplicativos de conversa, como o WhatsApp da vítima. Então, o criminosos se passa por ela e envia mensagens pedindo dinheiro aos familiares e amigos. ▶️ Como se proteger: As senhas são sempre de uso pessoal. Por isso, não compartilhe com outras pessoas.

As novas acusações de exploração sexual contra ex-CEO da Abercrombie & Fitch

16 de Setembro de 2024 às 17:29:08


Novas testemunhas contam à BBC detalhes recentes sobre a sofisticada operação que dizem tê-los explorado sexualmente Mike Jeffries, ex-CEO da Abercrombie & Fitch, enfrenta acusações de que teria explorado homens sexualmente. AP/Getty Images via BBC Mais homens se apresentaram à BBC acusando o ex-diretor executivo da Abercrombie & Fitch e seu parceiro britânico de exploração sexual. Alguns alegam que foram abusados, e outros que foram injetados com drogas. Luke diz que ficou chocado quando foi conduzido à suíte presidencial de Mike Jeffries em um hotel na Espanha. "Era como um set de filme de uma loja da Abercrombie," ele recorda sobre o evento de 2011. "E eu pensei que íamos fazer uma sessão de fotos." Ele relata que o quarto estava mal iluminado, com fotos eróticas de abdômens masculinos decorando as paredes escuras. No centro, um grupo de assistentes vestidos com uniformes da Abercrombie & Fitch – polos, jeans azuis e chinelos – dobrava roupas casualmente sobre uma mesa, fingindo ser funcionários da loja, segundo Luke. Na época com 20 anos, Luke conta que lhe foi oferecida a oportunidade de aparecer em um anúncio da empresa, caso voasse de sua casa em Los Angeles até Madri para se encontrar com o CEO da Abercrombie & Fitch (A&F). Ele diz que a proposta veio através de um site de modelos, feita por um homem que afirmava trabalhar como olheiro de talentos e assistente executivo de Jeffries – então chefe da varejista de bilhões de dólares voltada para adolescentes. Aviso: esta reportagem contém relatos de violência sexual. Na suíte, ele afirma que os assistentes de Jeffries começaram a interpretar papéis, incentivando-o a atuar como um recepcionista sem camisa, uma marca registrada das lojas A&F na época. Luke lembra que o olheiro disse: "Agora tenho dois convidados muito importantes, e eles serão os clientes que você precisa impressionar e entreter, porque vão comprar muitas roupas de você." Luke diz que pensou que estava encontrando Mike Jeffries para um trabalho de modelo BBC Naquele momento, ele diz que Jeffries e seu companheiro, Matthew Smith, saíram de um canto do quarto. Eles começaram a tocá-lo imediatamente, e Jeffries o beijou à força, ele diz. "Eu estava tentando evitar a situação ao máximo, mas Michael foi muito agressivo." Ele afirma que o chefe da Abercrombie então fez sexo oral nele. “Eu tentei dizer não repetidamente. E então eu fui meio que convencido a fazer algo. Mas eu estava constantemente dizendo não e queria ir embora.” Luke (nome fictício) é um dos oito homens que falaram com a BBC no último ano desde que revelamos as alegações de exploração sexual em eventos organizados por Jeffries e Smith. O FBI iniciou uma investigação após a reportagem da BBC, e agora 20 homens disseram que participaram ou ajudaram a organizar esses eventos. Além da alegação de Luke, as novas testemunhas revelam detalhes adicionais sobre a escala dos eventos, que ocorreram de pelo menos 2009 até 2015, enquanto Jeffries era diretor executivo. A BBC anteriormente descobriu que havia uma operação sofisticada envolvendo um intermediário encarregado de encontrar homens para esses eventos, mas os novos depoimentos detalham métodos de recrutamento adicionais. Os homens também levantam novas questões sobre o papel dos assistentes de Jeffries – um grupo seleto de jovens em uniformes da A&F que viajava pelo mundo com ele e supervisionava esses eventos sexuais. De acordo com vários homens, os assistentes de Jeffries injetaram alguns participantes no pênis com o que foi dito ser Viagra líquido. Smith, à esquerda, e Jeffries organizaram eventos com homens recrutados pelo intermediário James Jacobson, à direita. Getty Images / Handout via BBC Chris, nome fictício, contou à BBC que se sentiu "à beira da morte" após uma dessas injeções ter causado uma reação extrema durante um evento em uma das casas de Jeffries em Nova York. Sentindo-se "quente, tonto" e em choque, ele disse que ninguém chamou uma ambulância. Ainda desorientado, ele afirmou que Jeffries e Smith, que estavam esperando em outra sala, tentaram ter relações sexuais com ele. O ex-modelo Keith Milkie, 31, diz que um dos assistentes de Jeffries também "se gabou" de ter feito um trabalho para Abercrombie & Fitch quando trabalhava nesses eventos sexuais. Ele afirma que esse assistente estava nomeado em um itinerário de evento e a BBC descobriu que ele também tinha um e-mail da empresa da A&F. Embora os assistentes pessoais de Jeffries frequentemente estivessem vestidos com uniformes da A&F, esta é a primeira alegação de que um membro da equipe da A&F estava envolvido na organização dos eventos sexuais de Jeffries. Quando a BBC questionou a empresa sobre isso, ela se recusou a comentar, dizendo que não faz declarações sobre questões legais. Jeffries, 80, Smith, 61, e a A&F - que também possui a marca Hollister - enfrentam um processo civil alegando que a varejista financiou uma operação de tráfico sexual ao longo das duas décadas em que esteve no comando. Smith e Jeffries não responderam a solicitações de comentário. No entanto, os advogados deles disseram anteriormente que negam as alegações de má conduta, acrescentando: "O tribunal é onde lidaremos com este assunto." Uma lista de participantes Um ex-participante, Diego Guillen, que afirma ter sido entrevistado pelo FBI, contou à BBC que recebia $500 (R$2.780) todos os sábados para fazer ligações para homens esperados em eventos sexuais em 2011. Ele estimou que fez cerca de 80 chamadas ao longo de sete meses. Guillen, 42, diz que também havia uma lista de participantes. Outras fontes disseram que esse "banco de dados" poderia ter até 60 homens diferentes a qualquer momento, revelando uma visão geral da escala dos recrutados. Ele afirma que inicialmente participou de eventos sexuais nas antigas casas de Jeffries em Nova York após ser recrutado na rua pelo intermediário do casal, James Jacobson. Guillen, agora advogado e corretor de imóveis que administra sua própria empresa, diz que nunca havia tido relações sexuais por dinheiro antes, mas na época estava desempregado e sem-teto, dormindo no escritório de um amigo. Apesar das suas circunstâncias na época, ele afirma que não se sentiu explorado. Depois que o FBI apareceu na sua porta, Guillen diz que entrou em contato com o advogado de Jeffries, que enviou um investigador particular para entrevistá-lo para ajudar a construir a defesa legal deles. Guillen afirma que os outros homens presentes nos eventos que ele frequentou estavam "sem obrigação, sem pressão" e "recebiam bastante bem". "Michael e Matthew são homens gays de alto perfil e gostavam de ter relações sexuais com homens jovens e bonitos. E sendo mais velhos, sabiam que a verdadeira maneira de conseguir isso era ser generoso," diz ele. "Mas com total consentimento e garantindo que os [homens] quisessem e gostassem. E é isso." 'Uma vergonha imensa' Diferentemente de outros homens recrutados pelo intermediário, Luke diz que seu contato inicial foi com um assistente que trabalhava para o escritório da família de Jeffries – uma empresa privada administrada por Smith, que gerenciava a fortuna e as propriedades do então CEO. Luke afirma que esse assistente o entrevistou por Skype, dizendo-lhe para esperar estar sem camisa para a sessão de fotos no hotel em Madrid, mas não havia sinais óbvios de alerta. Esse homem então organizou sua viagem e acomodação, diz ele. "Não parecia nada fora do comum para mim, porque mesmo quando trabalhava em uma loja da Abercrombie quando era mais jovem, havia caras que ficavam do lado de fora sem camisa. Isso era como uma marca registrada," diz Luke. Planos de viagem vazados mostram que Jeffries estava agendado para estar em Madrid várias vezes em 2011 antes da abertura de uma verdadeira loja da A&F. Na noite anterior ao evento, Luke diz que recebeu €3.500 (R$21.595) em dinheiro, que ele acreditava ser "dinheiro para despesas gerais" para os três dias que passaria em Madrid. Mas ele afirma que o assistente foi "vago" sobre o plano. Ele diz que na suíte do hotel, Jeffries e Smith começaram a ter relações sexuais com dois homens um pouco mais velhos – um que ele achava estar na casa dos 30 anos e o outro na casa dos 40 – presentes no mesmo evento. Luke diz que Jeffries então começou a beijá-lo. Logo depois, ele afirma que Jeffries fez sexo oral nele e Smith tentou fazer o mesmo. Ele diz que tentou fazer "algum tipo de sexo oral" em Jeffries, mas "não conseguiu". "Estou sendo demitido porque não fiz o que esse cara queria," Luke lembra ter pensado, acreditando que estava prestes a perder sua chance de um trabalho de modelagem. "Eu poderia simplesmente ter saído correndo daquela sala, mas nem sei como teria saído." Luke diz que se sentiu incapaz de sair, pois os assistentes de Jeffries – que ele percebia como segurança – estavam "vigiando as saídas". Luke diz que a suíte de hotel de Jeffries foi projetada para parecer uma loja da A&F, como esta em Nova York Getty Images via BBC De volta aos EUA, ele diz que se sentiu incapaz de relatar o que aconteceu por causa do acordo de confidencialidade que assinou antes do evento. "Há uma vergonha imensa associada à ideia de que você não é um homem masculino se foi molestado ou aproveitado por outro homem," diz Luke, que se identifica como heterossexual. "Minha vida inteira eu lutei contra a ideia de que as pessoas pensam que sou gay e fui intimidado no colégio porque tenho uma voz suave. A última coisa que eu ia fazer era dizer algo que fosse emasculante, como, fui molestado e estuprado oralmente por um cara." Luke diz que o que aconteceu em Madrid foi "combustível de foguete" para um vício em drogas que ele desenvolveu mais tarde. Em 2016, ele foi preso por tráfico de drogas e cumpriu seis meses em um campo de reabilitação. Agora, ele administra seu próprio negócio e ajuda pessoas com vícios. 'Era como um mundo de fantasia' Keith Milkie diz que participou de vários eventos organizados por Jeffries e Smith entre 2012 e 2014. Ele afirma que entendeu que esses eventos seriam sexuais, mas que nada do que Jacobson disse poderia "prepará-lo para o que aconteceria" a seguir. Na época com cerca de 20 anos, Milkie diz que estava lutando para pagar seu aluguel depois de ser convidado para se mudar para Nova York por um agente, que administrava uma casa cheia de modelos aspirantes. Ele afirma que um colega de casa logo apresentou a ideia de ser acompanhante, e um contato mais tarde o apresentou a Jacobson. Milkie, que na época se identificava como heterossexual, diz que achou alguns dos eventos "desconfortáveis" e "dolorosos". Em uma ocasião, em Paris, ele diz que Jeffries o instruiu a ter relações sexuais com outro homem, algo que ele "não queria nem gostava". Durante outro evento, ele afirma que foi verbalmente agredido por Jeffries após dizer "não" a um ato sexual arriscado a bordo do Queen Mary 2, um transatlântico que navega da Inglaterra para Nova York. Ele diz que Jeffries estava bêbado e tentou inserir um "dedo sangrando" nele. "Eu estava na cama, com um sorriso falso, chorando por dentro," diz ele. "Aqui estou eu, no meio do oceano, com essa pessoa quatro vezes mais velha do que eu, naquela posição de poder e influência, me menosprezando até a morte e literalmente me chamando de inútil… Simplesmente porque eu disse não a algo." Ele diz que Jacobson lhe pagou cerca de $24.000 (R$133.440) em dinheiro pela viagem de sete noites. Milkie diz que foi repreendido e chamado de inútil quando disse "não" a Jeffries. Keith Milkie via BBC De acordo com seus itinerários de eventos, que foram enviados por Jacobson, outro desses eventos sexuais ocorreu apenas dias depois de ter sido anunciado publicamente que Jeffries estava deixando o cargo de CEO da A&F em dezembro de 2014. Milkie acredita que essa última reunião marcou o fim desses eventos. "A personificação de Mike Jeffries é Abercrombie. Ele tinha implantes de cabelo, cirurgia plástica, usava as roupas, usava as sandálias. Quero dizer, isso demonstra poder. Ele projetou sua imagem para o país inteiro. Os lugares onde ele morava eram literalmente uma loja da Abercrombie. Era como um mundo de fantasia," diz ele. "Sem esse tipo de poder, esse tipo de medo e influência, imagino que seja muito mais difícil manter as pessoas em silêncio, e é por isso que anos depois as pessoas estão falando sobre isso." Depois que a investigação inicial da BBC foi publicada no ano passado, a A&F anunciou que estava abrindo uma investigação independente sobre as alegações levantadas. Quando perguntamos recentemente quando esse relatório será concluído - e se as conclusões seriam divulgadas - a empresa se recusou a responder. Assim como Jeffries e Smith, a marca tem tentado derrubar a ação civil contra ela, argumentando que não tinha conhecimento da "suposta operação de tráfico sexual" liderada por seu ex-CEO - que é acusada de ter financiado. No início deste ano, um tribunal dos EUA decidiu que a A&F deve cobrir o custo da defesa legal de Mike Jeffries enquanto ele continua a combater as alegações civis de tráfico sexual e estupro. O juiz decidiu que as alegações estavam relacionadas ao seu papel corporativo depois que Jeffries processou a marca por se recusar a pagar suas despesas legais. A marca afirmou que não comenta sobre questões legais. No entanto, em sua defesa apresentada ao tribunal, a A&F disse que sua atual equipe de liderança estava "anteriormente alheia" às alegações até que a BBC a contatou, acrescentando que a empresa "abhora abuso sexual e condena a conduta alegada" por Jeffries e outros. Jacobson - o intermediário - disse anteriormente em um comunicado através de seu advogado que ficou ofendido com a sugestão de "qualquer comportamento coercitivo, enganoso ou forçado de minha parte" e que não tinha "nenhum conhecimento de tal conduta por parte de outros".